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O impacto da pandemia nas finanças dos clubes brasileiros

Resumo do texto

  • Fernando Ferreira, do Grupo Pluri, Gustavo Hazan e Pedro Daniel, da Ernst & Young participam do webinar para debater as finanças dos clubes brasileiros;

  • A pandemia da Covid-19 provocou grandes perdas de receita para os clubes de futebol;

  • A EY criou o EY Sports Analytics, que avalia diversos aspectos geradores de receita para os clubes;

  • Os times brasileiros vem perdendo receita em comercial e “matchday”;

  • Grande parte da culpa dos clubes estarem com dificuldades é a má gestão e a pandemia impulsionou o péssimo cenário;

  • Segundo o levantamento, Fluminense, América - MG, Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Sport devem ter dificuldades em fechar as contas em 2020.

  • Regulação do clube-empresa pode dar fôlego aos times com a possibilidade de novos aportes.

A pandemia causada pela Covid-19 provocou profundas mudanças no futebol brasileiro: o que no começo era uma crise sanitária, com a perda das receitas mais importantes, se transformou em uma crise financeira para os clubes. Agora eles precisam se organizar e reestruturar os negócios.


O time da Hubstage não poderia ficar de fora desse debate e promoveu um webinar através do canal do Youtube. Marcos Motta convidou para entrar em campo: Fernando Ferreira, do Grupo Pluri, Gustavo Hazan e Pedro Daniel, da Ernst & Young (EY).


Análise financeira dos clubes brasileiros


A EY construiu uma ferramenta chamada “EY Sports Analytics” que contemplou informações do mundo inteiro na questão de análise financeira dos clubes. Essa atividade desenvolvida pela EY é uma forma de tentar padronizar a leitura de informações mundialmente, já que o Brasil ainda não conta com essa “regularização”.


Foi a partir dessa ferramenta que a empresa fez um levantamento financeiro dos clubes brasileiros no ano de 2019. O que já se previa eram algumas sinalizações preocupantes e que certamente acabaram se agravando pós-crise do novo coronavírus.


No levantamento da evolução das receitas, percebe-se que os times vem perdendo representatividade nos quesitos de receitas comerciais e de Matchday (dia do jogo). Além disso, é preocupante que as maiores receitas dos clubes provenham de vendas de atletas (27%) e direitos de transmissão (39%), segundo o relatório de 2019.


Essa “asfixia” dos clubes, que já vinham sendo mal geridos, na opinião de Fernando Ferreira, deve se agravar. “Uma crise como essa é uma aceleradora de tendências. Uma das tendências que vai ser acelerada enormemente é a questão do streaming e as questões relativas às gestões dos clubes. Todos nós sabemos que gestões problemáticas no longo prazo levam o clube a perda significância e lenta morte em público que acontece a uma entidade associativa”, explica.


Os números das receitas tendem a cair ainda mais neste momento, como no caso da receita proveniente de público, já que os campeonatos não devem contar jogos de portões abertos tão logo. Motta lembra que o momento é de começar a tracionar a questão dos patrocínios, que deve ser um lucro muito bem-vindo.


Os clubes que fizeram a lição de casa, que neste caso pode ser traduzido como uma boa gestão, vão conseguir um fôlego a mais durante a crise. Claro que diversos fatores estão inclusos na geração de receita de cada time. Os Série C, por exemplo, são aqueles que mesmo com boa gestão, apresentam um caixa menor, além da captação de receita menos ampla do que os grandes times.


Por isso é cada vez mais importante pensar no futebol como um “pacote” e trazer modelos internacionais que possam ser implementados, onde perde-se a hegemonia de um time, para que todos os outros tenham chances de sobrevida e a discrepância dos ganhos sejam menores. Isso não quer dizer que um clube deve perder espaço, mas ganhar junto aos outros e até mais do que no modelo isolado - na opinião dos convidados.


A crise financeira dos clubes brasileiros reforçada pela Covid-19


Como já foi dito, o futebol brasileiro já apresentava alguns problemas financeiros observados no levantamento da EY durante o ano de 2019. A crise causada pela pandemia só acelerou o cenário dramático desses times.


A analogia feita por Pedro é interessante quanto ao endividamento dos clubes. Ele diz que é como uma pessoa que já estava com dificuldades financeiras e chega uma crise como essa - ela tem dificuldade de sobrevivência. “Enquanto quem estava de folga e tinha um pouco mais de liquidez, mesmo com necessidades reduzidas, consegue sobreviver”, completa.


Os times que devem ter mais dificuldade em fechar o ano, na opinião de Gustavo Hazan, são os clubes com índice de endividamento acima de 2, que é a quantidade de vezes superior ao faturamento realizado no ano. Nessa escala, levando em conta a sondagem EY, os clubes que podem enfrentar esse risco de não conseguirem ficar com a conta em dia são: Fluminense, América - MG, Cruzeiro, Vasco, Botafogo e na ponta tabela, o Sport, que em 2019 apresentou um índice de 4,53, ou seja, um endividamento de 4 vezes superior ao faturamento realizado de R$ 39 milhões.


Mas não é “morte decretada” a esses clubes. Ainda na visão de Gustavo, diante de medidas que tramitam no meio político e esportivo, como a regulação do clube-empresa, dá a chance do time buscar aportes financeiros e conseguir assim “virar a chave” e evitar a falência.


No webinar realizado em junho de 2020, ainda sem previsões concretas sobre a volta do futebol, a Ernst & Young realizou uma simulação, com os impactos da Covid-19, foram consideradas que todas as competições serão realizadas e finalizadas dentro de 2020 seguindo o calendário:


  • Treinamento em junho

  • Realização de Campeonatos Estaduais em julho

  • Realização dos Campeonatos Nacionais entre Agosto e Dezembro

  • Realização dos Campeonatos Continentais no último trimestre de 2020; e

  • Jogos sem público até o fim do ano.

Nesse cenário, segundo a empresa, é possível prever queda em quase todas as receitas, sendo:


Direitos de transmissão e Premiações têm redução entre 30% e 40% com pay-per-view. Transferências de jogadores tiveram uma redução entre 25% e 40% nas receitas com vendas de jogadores.

Matchday deve apresentar redução entre 55% e 65% considerando que não ocorrerão jogos com público até o fim do ano. Comerciais devem ter redução entre 15% e 30% Clube Social e Esportes Amadores / Outras Receitas devem cair entre 20% e 40% devido à crise econômica.


Considerando as premissas definidas e os clubes analisados, projeta-se que o mercado brasileiro deverá sofrer uma retração entre R$ 1,35 bilhão (-22%) e R$ 1,92 bilhão (-32%). Se isso se concretizar, o futebol se encolhe e iguala ao ano de 2016, segundo o levantamento.


Ainda não é possível dizer se o levantamento feito pela EY foi assertivo, já que a volta dos campeonatos estaduais estão divididos, enquanto alguns já voltaram, outros ainda aguardam a data. A não presença do público, por enquanto, é a única certeza, mas que pode mudar tão logo.


Olhando esses números e se deparando com uma profunda recessão, mesmo que causada por um determinante que ninguém esperava, nota-se que o futebol brasileiro precisa de uma nova roupagem e novos rumos, um esporte desse tamanho não pode ficar a espera de novas crises ou vivendo como se via antes, num cenário que também era ruim.


Entender como os clubes estrangeiros fazem e trazer para o nosso país talvez seja o momento certo de mudar e conseguir saídas inteligentes, como a mudança do pensamento focado em competições e não em times individuais. O sportainment, como define Motta, é um “envelopamento” de um todo e vendido como uma atração, o que ainda não acontece por aqui. Enquanto vemos times de fora contando com receita de vendas internacionais, o Brasil ainda bate de cara nos mesmos problemas e na geração de receita que é cada vez menor e atinge cada vez menos o público alvo.


Juiz apitou e fim de jogo! Nas nossas redes sociais você continua com a Hubstage e tem acesso a outros conteúdos para continuarmos torcendo juntos.


Acompanhe o webinar tema deste texto:




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1 Comment


Pedro Costa
Pedro Costa
Oct 08, 2020

É bom poder ter um canal como a Hubstage que trata de assuntos tão atuais envolvendo o mercado da bola. Show!

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