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O futuro do mercado da bola pós-pandemia

Resumo do texto:

  • Uma nova realidade no mercado de transferências e salários dos jogadores após a crise - mudanças serão necessárias para que clubes brasileiros possam sobreviver e alcançar novos patamares;

  • O cenário econômico do futebol mundial e brasileiro - diferentes formas de receitas - modelos internacionais de receita que possam ser positivas ao futebol brasileiro;

  • A Medida Provisória 984 e o direito de transmissão;

  • A rentabilidade dos clubes durante a pandemia e os novos cuidados com a saúde física e mental dos atletas.


A paralisação do futebol por conta do novo coronavírus ocasionou um cenário a ser explorado dentro e fora de campo - como ficará o futuro dos negócios para o mercado da bola? Antes do retorno (tímido) dos jogos, os clubes já estavam sem recursos - provenientes do dia de jogo, principalmente - e muitos patrocinadores buscaram métodos alternativos e renegociações.


Uma das novas realidades estará no mercado de transferências e salários - todos os métodos tradicionais de gerar renda no futebol vivem o dilema da incerteza. Sem dinheiro, não há como pagar salários altíssimos, por exemplo. Se clubes estão com a conta no vermelho, a tendência que busquem por novas contratações e reforços é menor - o que pode ser uma oportunidade aos jogadores de base.


Muitos especialistas entendem que viveremos uma oportunidade para mudanças. Será necessário realizar ajustes para que o futebol continue sobrevivendo e alcançando novos patamares, o que ainda é difícil de vermos no Brasil.


Novos produtos e a boa gestão no futebol nacional


A crise pandêmica acelerou um cenário dramático que já se arrastava pelo futebol brasileiro desde 2019. Segundo a empresa de negócios Ernst & Young, uma ferramenta denominada “EY Sports Analytics” apresentou informações do mundo inteiro na questão de análise financeira de clubes. Essa atividade da EY é uma forma de padronizar a leitura de dados em âmbito mundial, facilitando também o cenário nacional - já que o Brasil não conta com uma regularização.


Foi a partir dessa ferramenta que a empresa fez um levantamento financeiro dos clubes brasileiros no ano de 2019. O que já se previa eram algumas sinalizações preocupantes e que certamente se agravaram com a Covid-19. No levantamento da evolução de receitas percebeu-se que os times perderam representatividade em quesitos comerciais e de Matchday. Além disso, é preocupante que as maiores receitas dos clubes brasileiros venham de vendas de atletas (27%) e direitos de transmissão (39%), segundo o relatório.


A Federação Paulista de Futebol prevê terminar o ano com um faturamento entre 35% e 40% a menos do que o planejado. Por isso é importante falarmos em boas gestões e trabalharmos com números reais - o que não era visto como prioridade em muitos clubes brasileiros antes da pandemia. Aqueles que anseiam crescer, terão que colocar a casa em ordem desde já.


Clubes que fizeram a lição de casa terão mais fôlego durante a crise, por isso é importante pensar no futebol como um pacote e trazer modelos internacionais de receita para serem implementadas por aqui - só assim todos terão chances de sobrevida e a discrepância dos ganhos entre clubes serão menores - isso não quer dizer que um clube deve perder espaço, mas, ganhar junto aos outros.


O futebol brasileiro movimenta sozinho mais de 50 bilhões de reais por ano - isso representa 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Os direitos de transmissão e as receitas provenientes do dia de jogo são importantes cifras para esse montante.


Com o advento da Medida Provisória 984 - que diz ser pertencente ao clube mandante o direito de arena sobre o espetáculo desportivo, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo do espetáculo desportivo - vista como um avanço em relação aos direitos de transmissão, ela sozinha ainda não é suficiente para suprir demandas do novo cenário do futebol nacional. O Brasil precisa de negociações coletivas e novas formas de receitas, separando produtos entre tv aberta, fechada e pay per view - rentabilizando mais e melhor.


Com a MP cada clube conseguirá precificar o seu produto através de meios alternativos de distribuição de conteúdo. Para o fundador da Hubstage e embaixador do sportainment, Marcos Motta, o futebol como produto precisa se reinventar, segmentando e maximizando ganhos com inteligência, gerando produtos para o mercado brasileiro. Desse modo, naturalmente vão surgir blocos de clubes e a partir de uma gestão inteligente será necessário encontrar um modelo correto e ideal para seguir.


Com meios alternativos para distribuir os produtos, a demanda por uma infraestrutura de telecomunicações adequada já é evidente - a segmentação ganhará força. O OTT (conteúdo transmitido pela internet, seja ou não ao vivo) é parte disso. Clubes precisarão de uma plataforma própria, complementando o canal de YouTube com novos conteúdos para as redes sociais - conteúdos para todos envolvidos da cadeia. O novo mercado precisa aproveitar o comportamento do consumidor que já existe.


A importância do agrupamento de clubes para decisões em comum atrairá mais concorrência e ajudará clubes a tirarem o máximo de proveito dos direitos nacionais e internacionais, visando o desenvolvimento dos times como um todo. Para Motta, a motivação para a criação de um bloco bem organizado, deve estar em torno do produto futebol brasileiro.


Mudanças no mercado e na rentabilidade de clubes


De acordo com alguns especialistas, o mercado do futebol pode ter mudado de maneira abrupta com salários menores e transferências igualmente prejudicadas. Para Marcos Motta, vivemos uma crise sem precedentes e não há esperanças de um retorno como era antes. O futebol, que estava parado desde março de 2020, já sentia a pressão de dirigentes que queriam o seu retorno mesmo com portões fechados e uma série de restrições impostas pelo vírus - tudo isso por conta de dinheiro.


Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, a multinacional de auditoria KPMG estimou que as cinco principais ligas nacionais da Europa (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França) perderiam US$ 4,33 bilhões (cerca de R$ 22,3 bilhões) se a temporada não fosse finalizada em campo - só a Premier League, dona de contratos de televisionamento, teria que pagar uma multa equivalente a R$ 4,63 bilhões.


Para o agente financeiro com a melhor relação entre os clubes da Europa, Giuliano Bertolucci, não veremos tão cedo transferências maiores que o montante de 100 milhões de euros - todos os negócios continuarão, mas em valores muito mais baixos. “Retomar o mercado do futebol dependerá de muita criatividade e trabalho”, disse. No Brasil a determinação para o retorno da bola em campo foi tão grande quanto lá fora. Antes do retorno, a Globo ainda deveria pagar o direito de transmissão dos principais campeonatos estaduais - só em São Paulo esse montante chegava na casa dos R$ 30 milhões.


A tendência mundial é que os salários dos jogadores sejam abaixados. Diversos clubes vendedores vão usar a desculpa da perda do poder de barganha na hora de definir os vencimentos dos atletas ou fazer renovações - o mercado sul-americano consiste na venda de jogadores, na Europa isso é diferente. “A receita do Barcelona é de 1 bilhão euros sem contar as negociações de atletas”, falou Marcos Motta à Folha de S. Paulo.


Por mais que o futebol brasileiro saia muito fragilizado da crise, para dar a volta por cima e aproveitar novas oportunidades de rentabilidade, deverá contar com inovação, planejamento de ações e organização.


Atenção redobrada com a saúde


A economia não será o único setor que sentirá as mudanças impostas pela pandemia. A saúde de toda a cadeia que envolve o produto futebol deverá ter mais importância como nunca. Máscaras e higiene das mãos estão entre as principais medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde para que as competições e treinos ocorram de maneira segura.


De acordo com o Ministério, os planos de trabalho dos clubes devem levar em consideração todas as medidas apresentadas no guia médico da CBF. Isso vale para datas de jogos, testagem e outras medidas que garantam a segurança de todos envolvidos durante uma partida. A pasta também orienta que as atividades devem ser pactuadas com o gestor de saúde de cada localidade, além de lembrar a necessidade das atividades serem praticadas visando evitar o contato físico e não cuspir no chão.


O período de quarentena fez com que alguns atletas desenvolvessem quadros de ansiedade e depressão. De acordo com uma matéria divulgada pela revista Veja, uma pesquisa do FIFPro, o sindicato internacional de jogadores de futebol profissional, feita entre os dias 22 de março e 14 de abril, ouviu 1.602 jogadores profissionais de países que implementaram uma quarentena mais rígida - 22% das mulheres e 13% dos homens entrevistados apresentaram sintomas compatíveis com a depressão e 18% de mulheres e 16% dos homens, ansiedade. É um dever dos clubes oferecer (também) suporte à saúde e ao emocional dos atletas, principalmente agora no retorno aos campos.


Comportamentos antigos precisaram ser revistos e o “novo normal” após o momento de pandemia será preocupado com a saúde e qualidade de vida de todos os profissionais envolvidos no espetáculo da bola. O time da Hubstage continuará em marcação para te manter atualizado.


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1 Comment


Luiz Paulo Wince Teixeira
Luiz Paulo Wince Teixeira
Sep 28, 2020

O mercado da Bola sempre impactou as emoções dos torcedores, mas a verdade é que poucos se aprofundam a entender o impacto destes movimentos e dos drafts nos negócios do esporte. Penso que impacto da pandemia causou bons estragos nos fluxos financeiros dos negócios de esportes, mas penso que as novas leis, a nova amplitude de exploração de mídias e a adoção da filosofia de sportainment nos negócios de esporte trará um novo momento a toda essa órbita!!!! #Gohubstage

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