Resumo do texto:
A necessidade de trabalhar melhor as receitas, seja no marketing, direitos de transmissão, experiências e relacionamento com os torcedores;
Os times precisam desenvolver um modelo mais profissionalizado de gestão;
O papel da La Liga na Espanha é fundamental, pois fiscaliza os clubes e evita relações unilaterais que possam ser prejudiciais - com controle financeiro;
O modelo que deve servir de influência ao futebol brasileiro é o da transmissão do futebol europeu - a criação de um produto capaz de maximizar direitos de transmissão do clube.
Temos que seguir bons exemplos internacionais que possam ser levados para o mercado brasileiro.
O futebol brasileiro encontra-se a um passo da grande área quando comparado aos principais mercados internacionais da bola - que estão no gol. É necessário entender modelos que possam auxiliar clubes a trabalhar melhor as receitas, tanto no marketing como em direitos de transmissão, experiências e relacionamento com os torcedores.
O fundador da Hubstage e embaixador do sportainment, Marcos Motta, acompanhou a WFS live powered by Ronaldo, que trouxe um painel para discussão com convidados que possuem expertise em diversas áreas do futebol. Albert Castello, da La Liga no Brasil, Arnaldo Garcia, da Octagon Brasil, Diogo Kotscho, do Orlando City SC e Gabriel Lima, do Valladolid C.F. Como mediação, a jornalista do ESPN Brasil, Natalie Gedra, lançou os questionamentos à mesa.
É necessário rever os modelos de gestão existentes no futebol brasileiro, visando para uma profissionalização mais aplicada em diversos clubes, talvez, baseada em modelos internacionais. Mas isso gera um grande desafio.
Os obstáculos da bola
A relevância da união entre os clubes brasileiros tem sido amplamente discutida por profissionais, juristas e torcedores. principalmente após a MP 984 que altera direitos de transmissão em jogos de futebol - sem votação no Congresso, a medida perdeu a validade em 16 de outubro de 2020.
Ao entendimento do convidado Arnaldo Garcia, alguns pontos são cruciais e devem ser considerados com urgência. “Precisamos da união entre clubes e jogadores por conta das reivindicações. Coletivamente temos mais força, além de uma adaptação ao calendário europeu”, comenta, uma vez que perdemos jogadores relevantes por conta de transferências.
Muitos clubes do Brasil já conversam sobre internacionalização - o que é importante - mas é preciso primeiro defender o nosso território sem perder espaço para os times de fora. “É necessário demarcar mais o nosso espaço, conquistar mais torcedores para batermos de frente com grandes clubes do mundo em termos de ativação aqui no Brasil”, defende Garcia. Olhando para o futuro, o convidado acredita que os times precisam desenvolver um modelo mais profissionalizado de gestão.
Para Gabriel Lima, a união dos clubes é essencial ao futebol, assim ele crescerá em comunhão e caminhará para uma profissionalização assertiva. “Hoje vemos profissionais mais qualificados, mas, podemos ir além. Quando não há uma boa regulação, por exemplo, você afasta o atleta. Hoje o papel da La Liga na Espanha é fundamental, pois fiscaliza os clubes, e evita relações unilaterais que possam ser prejudiciais - com controle financeiro”, esclarece.
Outro modelo que deve servir de influência ao futebol brasileiro é o da transmissão do futebol europeu - a criação de um produto capaz de maximizar direitos de transmissão do clube. Para o futebol brasileiro é preciso estabelecer fórmulas que visam a lucratividade entre os clubes, onde todos entendam que estão juntos e na mesma competição.
Modelos internacionais do futebol
A jornalista Natalie Gedra, ao perguntar sobre o modelo americano e sua executabilidade no território brasileiro, fez com que o convidado Diogo Kotscho trouxesse um assunto importante à mesa. “Não gosto de falar em um modelo específico para implantar em outro lugar. É difícil. Temos que seguir bons exemplos que possam ser levados para o mercado brasileiro”, especifica. Para o profissional de comunicação do Orlando City SC, clubes brasileiros possuem estratégias a curto prazo, só três anos (tempo de gestão da diretoria) e isso não ajuda na evolução do time.
Qualquer negociação que é feita nos Estados Unidos é fundamentada como Liga com o envolvimento de 30 clubes e não apenas um. Isso garante acesso a serviços que uma equipe sozinha não conseguiria - o que não interfere na competição dentro do campo. “É difícil copiar o modelo do conceito americano para o Brasil. Nós negociamos os direitos de TV como um todo - dividimos as receitas com todos os clubes”, diz.
A presença da CBF é necessária para uma discussão de liga no território brasileiro. Para o convidado Arnaldo Garcia, a anuência da federação é essencial. “Uma Liga não se cria por si só. Não é porque dá certo lá fora que temos que trazer para cá. Na verdade é preciso fazer um entendimento maior do perfil do torcedor brasileiro”, justifica.
O marketing e a geração de receitas
Na última década, com todos os campeonatos que tivemos em território nacional, foi percebida a presença de profissionais de marketing cada vez mais gabaritados para trabalhar com o mundo da bola. A geração de receitas com a comercialização dentro dos clubes cresceu, mas, para Arnaldo Garcia, ainda há espaço para fazer mais. “O setor de marketing precisa transmitir para as marcas que o clube não é só uma plataforma de mídia, com espaços no uniforme para logotipos. As marcas precisam entender que as relações devem ser duradouras”, conclui.
O processo de evolução do futebol também educa o torcedor. Para Gabriel Lima, o fã percebe quando as iniciativas do clube são boas. “O entendimento do torcedor caminha com o desenvolvimento do futebol - o marketing nos clubes brasileiros também têm visto isso. As marcas e empresas entenderam como é essa ativação de patrocínio”, fala.
Os clubes devem unir-se em um amplo debate com a CBF para que se possa entender e encontrar um modelo de liga que faça sentido para o Brasil, usando dos bons exemplos que temos no exterior. Apenas dessa forma chegaremos em um patamar mais evoluído no futebol nacional.
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